Operação
Grilo, comandada pela Polícia Federal, Ministério Público e Receita Estadual,
desmontou esquema de grilagem e venda de terrenos públicos
Publicação:
21/09/2011 06:08 Atualização: 21/09/2011 08:11
A organização criminosa que se
especializou na grilagem e venda de terras públicas chegou a usar um deficiente
mental na negociação de um terreno de 92 mil hectares no Norte do estado. João
Batista Barbosa Aguilar tem em seu nome ação de interdição número
0570.06.011624-3, proposta pela tia, Ivete Barbosa da Silva em 2006 na Comarca
de Salinas.
Em depoimento ao MP, Ivete afirma ter sido procurada em sua casa em outubro de
2010 por dois homens que se identificaram como Ricardo, que seria genro de
Mauro, apontado como diretor clínico da Policlínica Salinense, e Oró. Conforme
o MP, Oró seria Orozino Marques Carvalho, que atuava como “empresário” no
esquema.
Ao iniciar a conversa com Ivete, ambos anunciaram conhecer João Batista de uma
associação, onde, ainda conforme os dois visitantes, o sobrinho daria
palestras. Ivete achou estranho, diante das limitações do parente. Em seguida,
Ricardo e Oró afirmaram que terras abandonadas na região foram sorteadas entre
integrantes da associação e que João Batista seria um dos “sortudos”. Os dois
homens afirmaram que já haviam iniciado a transferência da propriedade e, neste
momento, ouviram de Ivete que o sobrinho era judicialmente interditado. Ricardo
e Oró, então, perguntaram a Ivete se não estava interessada em receber a
propriedade em favor do sobrinho. A mulher disse que não queria as terras e que
não acreditava no sorteio. Os homens desistiram da oferta e foram embora.
Em 31 de
dezembro de 2010, Oró retornou à casa de Ivete. Afirmou que precisava encerrar
o sorteio e prometeu à mulher R$ 10 mil se assinasse um documento. A resposta
da tia de João foi que não precisava de dinheiro. Oró foi embora com a promessa
de que retornaria em fevereiro, o que não aconteceu.
No depoimento, Ivete afirma ter ficado surpresa ao tomar conhecimento de uma
certidão emitida pelo cartório de registro de imóveis, assinado pelo oficial
substituto, Daniel Fernandes de Oliveira em 17 de março de 2011, que torna
pública a transferência de imóvel pertencente ao Estado de Minas Gerais a favor
do sobrinho. O documento diria ainda que João Batista teria vendido a
propriedade para Luciana Rocha Mendes por R$ 36.862,32. Ivete nega ter
havido qualquer negociação entre João Batista e a mulher citada no documento
emitido pelo cartório.
Entenda o caso
» Grileiros expulsam posseiros das terras devolutas e, com a ajuda de
funcionária de um cartório no município de Indaiabira, no Norte de Minas,
registram os terrenos em nome de laranjas.
» Com a participação de funcionários do Instituto de Terras do Estado de Minas
Gerais (Iter-MG), eles conseguem documentos irregulares para garantir a posse
dos territórios roubados.
» Em seguida, os terrenos são revendidos para intermediários, que negociam as
terras com mineradoras.
» Em uma dessas ações, o terreno chegou a ser vendido por R$ 41 milhões.